segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Literatura Portuguesa do século XX


   No início do século XX, Portugal vive um período de mudança política  e cultural. A morte do rei D. Carlos e seu filho provoca uma crise política, dá-se o fim da monarquia. Formam-se duas facções políticas: a republicana e a anti-republicana, cada qual tendo seus seguidores.
Contudo, um grupo de jovens artistas reuniam-se nos cafés de Lisboa buscavam trocar informações e experiências, tinham em comum a disposição para revolucionar e atualizar a cultura portuguesa e o projeto de divulgação dá-se através da publicação da Revista Orpheu.
 
Algumas obras:
 
Fernando Pessoa 
 
- O Marinheiro
- Por ele mesmo
- Na floresta do Alheamento
- Banqueiro Anarquista
 
Miguel Torga
 
- A Criação do Mundo

José Marmelo e Silva

- Obra Completa de José Marmelo e Silva
- Não aceitei a ortodoxia,Porto
 
Álvaro De Campos

 É um heterónimo de Fernando Pessoa. Álvaro de Campos, surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”. O próprio Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro.
Campos é o “filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo. O sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.
Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das percepções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.
Engenheiro naval e viajante, Álvaro de Campos é configurado “biograficamente” por Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.
Cantor do mundo moderno, o poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir. “Poeta da modernidade”, Campos tanto celebra, em poemas de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como expressa o desencanto do quotidiano citadino, adoptando sempre o ponto de vista do homem da cidade.
  
Poema

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Álvaro de Campos
 

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