Literatura Portuguesa do século XX
No
início do século XX, Portugal vive um período de mudança política e
cultural. A morte do rei D. Carlos e seu filho provoca uma crise
política, dá-se o fim da monarquia. Formam-se duas facções políticas: a
republicana e a anti-republicana, cada qual tendo seus seguidores.
Contudo,
um grupo de jovens artistas reuniam-se nos cafés de Lisboa buscavam
trocar informações e experiências, tinham em comum a disposição para
revolucionar e atualizar a cultura portuguesa e o projeto de divulgação
dá-se através da publicação da Revista Orpheu.
Algumas obras:
Fernando Pessoa
- O Marinheiro
- Por ele mesmo
- Na floresta do Alheamento
- Banqueiro Anarquista
Miguel Torga
- A Criação do Mundo
José Marmelo e Silva
- Obra Completa de José Marmelo e Silva
- Não aceitei a ortodoxia,Porto
Álvaro De Campos
É um heterónimo de Fernando Pessoa. Álvaro
de Campos, surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”. O
próprio Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto,
inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de
Caeiro.
Campos
é o “filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo. O
sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu
do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou
possibilidade de existir.
Este
heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação
das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das percepções
conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as
maneiras”.
Engenheiro
naval e viajante, Álvaro de Campos é configurado “biograficamente” por
Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil
particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização
moderna e os valores do progresso.
Cantor
do mundo moderno, o poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as
maneiras”, seja a força explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o
próprio desejo de partir. “Poeta da modernidade”, Campos tanto celebra, em
poemas de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a civilização
industrial e mecânica, como expressa o desencanto do quotidiano citadino,
adoptando sempre o ponto de vista do homem da cidade.
Poema
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Álvaro de CamposCome chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
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